Mesmo com o litoral catarinense cada vez mais disputado no verão, ainda existe uma praia onde o barulho do trânsito, das caixas de som e da superlotação parece ficar do lado de fora. A Guarda do Embaú, na região de Palhoça (SC), virou refúgio para quem busca mar bonito, natureza preservada e aquele clima de vila simples em que o dia gira em torno do sol, da maré e do vento.
O grande diferencial está na combinação de cenário: de um lado, o Rio da Madre serpenteando calmamente; do outro, a faixa de areia voltada para o mar aberto, cercada por morros verdes e costões que escondem trilhas e mirantes naturais. Esse conjunto cria um ambiente perfeito para quem quer reduzir o ritmo, caminhar sem pressa e encontrar cantinhos mais silenciosos mesmo nos períodos mais cheios do ano.
Como o acesso e o mapa natural ajudam a manter a tranquilidade

Para chegar à faixa de areia principal, é preciso atravessar o Rio da Madre a pé, com água geralmente na cintura, ou pegar um dos barquinhos que fazem a travessia o dia inteiro. Essa “barreira natural” já filtra o movimento, evita o entra-e-sai constante de carros na orla e faz com que o fluxo de visitantes se distribua melhor ao longo do dia.
Depois da travessia, quem caminha alguns minutos em direção aos extremos da praia logo percebe o quanto o cenário muda. Quanto mais longe do ponto de chegada do barco, mais espaço entre os guarda-sóis, mais silêncio, mais chance de estender a canga praticamente sozinha diante de um mar ainda limpo, com ondas que agradam tanto surfistas quanto banhistas em dias de mar mais calmo.
Trilhas discretas, mirantes e praias quase secretas

Além da praia central, a Guarda do Embaú se destaca pelas trilhas que levam a paisagens ainda mais preservadas. Uma das mais procuradas é a trilha para a Prainha, um caminho relativamente curto que sobe o morro ao lado da praia principal e desce até uma enseada de águas claras, faixa de areia menor e ambiente mais silencioso, cercado por mata e costões.
Quem segue um pouco mais pode encarar a trilha até a Pedra do Urubu, mirante natural com vista panorâmica para toda a baía, o desenho do Rio da Madre encontrando o mar e a sequência de praias vizinhas. Em dias mais dedicados à caminhada, há também o famoso Vale da Utopia, trecho mais selvagem entre a Guarda e a Praia da Pinheira, com morros, rochas e pontos isolados que reforçam a sensação de “fim do mundo” para quem busca sossego absoluto.
Clima, atmosfera da vila e melhor época para ir

O clima na região costuma ter verões quentes, com dias ensolarados, mas amenizados pelo vento constante que sopra do mar. Essa combinação torna o destino agradável para caminhar na areia, fazer trilhas curtas, alternar banhos de rio e mar e aproveitar o fim de tarde sem o calor sufocante típico de praias urbanas muito movimentadas.
A vila cresceu em torno da pesca e do surfe, mantendo até hoje ruas de areia, comércio compacto, pousadas pequenas e restaurantes familiares focados em frutos do mar. Esse perfil ajuda a atrair um público que costuma valorizar o contato com a natureza, o respeito às áreas preservadas e noites mais tranquilas, com movimento concentrado em poucos bares e lanchonetes.
Roteiro sugerido para aproveitar os cantos mais silenciosos
Para aproveitar o melhor da Guarda do Embaú sem enfrentar tanto movimento, vale pensar em um roteiro estratégico:
- Manhã cedo: atravessar o Rio da Madre nas primeiras horas do dia para pegar a praia principal ainda vazia, caminhar para um dos extremos da faixa de areia e garantir um canto mais silencioso para montar guarda-sol.
- Meio do dia: subir a trilha para a Prainha, fazer paradas nos mirantes ao longo do caminho e descansar na areia mais preservada da pequena enseada, alternando entre banho de mar e sombra nos costões.
- Fim de tarde: voltar em ritmo tranquilo pela trilha, apreciar o visual do Rio da Madre e escolher um ponto da margem para ver o pôr do sol refletido na água, cenário que costuma ser bem mais silencioso do que as praias urbanas nos mesmos horários.
Em outra oportunidade, quem estiver disposto a caminhar mais pode reservar um dia para o Vale da Utopia, sempre com calçado adequado, água e atenção ao trajeto. O prêmio são mirantes naturais, pontos de descanso no alto dos morros e áreas praticamente vazias, onde o som predominante é o das ondas quebrando nas pedras.

Dicas práticas para manter o clima de refúgio
Alguns cuidados ajudam a preservar o sossego que faz da Guarda do Embaú um destino diferenciado. Chegar cedo ou circular mais no início da manhã e no fim da tarde costuma garantir trechos mais tranquilos, tanto na praia quanto nas trilhas.
Vale também escolher hospedagens menores e mais discretas, como chalés, pousadas familiares e quartos próximos ao rio ou a ruas menos movimentadas, que tendem a ser mais silenciosas à noite. Por fim, respeitar as áreas de preservação, seguir trilhas já abertas e trazer de volta todo o lixo é essencial para que a vila continue sendo, pelos próximos verões, um verdadeiro endereço de sossego cercado por natureza preservada no litoral catarinense.





